Renamo Pede Anulação de Eleições e Propõe Governo de Gestão para Salvar Moçambique

Ossufo Momade, presidente da Renamo, declarou nesta segunda-feira, em Maputo, que as recentes eleições em Moçambique “não refletem a vontade legítima do povo”. Durante uma coletiva de imprensa, o líder da oposição pediu a anulação imediata do processo eleitoral e apelou para que os órgãos da Justiça garantam a paz e a reconciliação nacional.

Momade destacou sua preocupação com o silêncio das autoridades diante do que classificou como “um momento atípico e trágico”. Segundo ele, a polícia tem reprimido violentamente manifestações pacíficas, resultando na morte de cidadãos, muitos deles sem ligação direta com os protestos. “É tempo de a Assembleia da República se reunir em defesa do povo que diz representar”, disse.

Entre as irregularidades apontadas, Momade mencionou enchimento de boletins de voto, falsificação de editais, perseguição a opositores e privação de direitos fundamentais, como o de manifestação e acesso à informação. “Temos evidências que comprometem a lisura do processo eleitoral”, afirmou, pedindo uma análise séria e imparcial das denúncias.

O líder da oposição foi enfático ao afirmar que a exigência de anulação não é um ato impulsivo ou partidário, mas um apelo à justiça. “Anular as eleições é assegurar que a voz do povo seja ouvida de forma clara e inquestionável”, declarou.

Para evitar mais instabilidade, a Renamo sugeriu a formação de um Governo de Gestão. Este modelo, segundo Momade, garantiria o funcionamento pleno das instituições enquanto o país se prepara para novas eleições livres, justas e transparentes. Ele também propôs a dissolução dos órgãos eleitorais atuais, acusando-os de serem os principais responsáveis pela instabilidade pós-eleitoral.

Durante a conferência, Momade fez um convite à sociedade civil, acadêmicos e organizações internacionais para colaborar na criação de um modelo eleitoral que inspire confiança e represente verdadeiramente o povo moçambicano.

O apelo do líder da Renamo ocorre em meio a uma onda de protestos desencadeados pelos resultados eleitorais anunciados no mês passado. A vitória foi atribuída ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, mas a oposição alega que o processo foi marcado por fraudes em massa.

Enquanto isso, o país enfrenta tensões crescentes, com episódios de repressão policial e manifestações em várias cidades. Para muitos, o silêncio das autoridades e a falta de diálogo agravam ainda mais a crise.

A Renamo deixa claro que não se trata apenas de questionar os resultados, mas de evitar precedentes perigosos para o futuro democrático de Moçambique. “Devemos tratar este momento com a devida seriedade para evitar extremismos e intolerância no futuro”, alertou Momade.

A situação em Moçambique exige respostas rápidas e medidas firmes. Resta saber se os apelos por justiça e reconciliação serão ouvidos ou se o país continuará a caminhar rumo à instabilidade.

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