Operação Narco Vela: Justiça Bloqueia R$ 1,3 Bi em Bens de Luxo em Ação Contra Tráfico Internacional

Na manhã de 29 de abril de 2025, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Narco Vela, uma ação de peso contra uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas. Com alvos em cinco estados brasileiros e apoio de forças internacionais, a operação resultou na prisão de 23 pessoas, na apreensão de bens de luxo e no bloqueio de impressionantes R$ 1,32 bilhão. Mas como uma rede criminosa usava veleiros para enviar cocaína à Europa e à África? Vamos mergulhar nessa história que parece saída de um thriller policial.

Uma Rede Transoceânica de Tráfico

A quadrilha desarticulada operava com sofisticação, utilizando veleiros e barcos equipados com tecnologia de ponta, como equipamentos satelitais (GPS, antenas e sistemas de transmissão de dados), para atravessar oceanos e entregar drogas em continentes distantes. A rota principal conectava o litoral brasileiro, especialmente a Baixada Santista, à Europa e à África. Esse esquema, que movimentou bilhões, contava com a expertise de pescadores e navegadores cooptados pelo crime, atraídos pela promessa de lucros exorbitantes.

A investigação teve início em fevereiro de 2023, quando a Marinha Americana interceptou um veleiro brasileiro em alto-mar, próximo ao continente africano, carregado com três toneladas de cocaína. Essa apreensão, comunicada pela DEA (Drug Enforcement Agency), foi o pontapé para desvendar a rede. Outros carregamentos interceptados pela Guarda Civil Espanhola e pela Marinha Francesa em águas internacionais reforçaram as pistas, culminando na megaoperação.

Ações em Cinco Estados e no Exterior

A Operação Narco Vela mobilizou mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares de São Paulo para cumprir quatro mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram em São Paulo (com destaque para Guarujá, Santos e outras cidades do litoral), Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. Três mandados de prisão preventiva também foram emitidos para alvos nos Estados Unidos, Itália e Paraguai.

Quatro brasileiros que estavam fora do país, no entanto, não foram localizados, e seus nomes foram incluídos na lista de difusão vermelha da Interpol, sinalizando uma caçada global. Entre os itens apreendidos, destacam-se carros de luxo, como uma Ferrari avaliada em R$ 4,5 milhões e uma Lamborghini Urus, além de relógios, joias e embarcações.

Conexão com o PCC e Modus Operandi

A investigação revelou que a organização tinha laços com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do Brasil. Nomes como Levi Adriani Felício, conhecido como “Mais Velho”, e seu irmão Rodrigo Felício, o “Tico”, foram citados como figuras centrais no esquema. A quadrilha recrutava pescadores e usava lanchas rápidas para transportar drogas até o alto-mar, onde eram transferidas para veleiros capazes de travessias transoceânicas. Esse método evitava a fiscalização em portos comerciais, dificultando a ação das autoridades.

O delegado Osvaldo Scalezi Júnior, chefe da Divisão de Repressão a Drogas da PF, destacou a escala do esquema: “Negociar a remessa de 8 toneladas de cocaína demonstra o quão lucrativa é essa atividade criminosa. Nosso foco é descapitalizar essas organizações, apreendendo seus bens.” Até o momento, a PF contabilizou 8 toneladas de cocaína apreendidas em operações relacionadas.

Impacto e Consequências

A Justiça Federal, sob comando do juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, determinou o bloqueio de bens até R$ 1,32 bilhão, visando atingir o coração financeiro da quadrilha. Os investigados responderão por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e integração de organização criminosa, crimes que podem resultar em décadas de prisão.

A operação também expôs a complexidade do combate ao tráfico global. A colaboração entre a PF, a DEA, a Marinha dos EUA, a Guarda Civil Espanhola e a Marinha Francesa foi essencial para mapear as rotas e identificar os envolvidos. Como disse um agente da PF, “o crime não respeita fronteiras, mas a justiça também não.”

Por que Isso Importa?

A Operação Narco Vela não é apenas uma vitória contra o crime organizado; ela joga luz sobre como o tráfico internacional se adapta, usando tecnologia e estratégias inovadoras para burlar a lei. Para os leitores, é um lembrete de que o combate às drogas exige esforço conjunto e vigilância constante. E, quem sabe, da próxima vez que você vir um veleiro no horizonte, pode se perguntar: o que ele está carregando?

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Sobre o autor: Suleimane Wague
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