Na última quinta-feira, 8 de maio de 2025, o mercado financeiro brasileiro viveu um dia de celebração. O dólar comercial registrou uma queda expressiva de 1,47%, fechando cotado a R$ 5,66, após ter subido 0,62% no dia anterior, quando valia R$ 5,74. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), disparou 2,12%, alcançando 136.231 pontos. Durante o pregão, o índice chegou a tocar os 137.634 pontos, superando a máxima histórica de 137.469 pontos, registrada em agosto de 2024.
O que desencadeou essa onda de otimismo? Dois anúncios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aliviaram, ainda que temporariamente, as incertezas que vinham pressionando os mercados globais.
Pela manhã, Trump confirmou a conclusão de um acordo comercial com o Reino Unido, selado em 2 de abril, que regula tarifas recíprocas entre os dois países. Em suas palavras, a negociação foi “completa e abrangente”. Esse entendimento trouxe alívio aos investidores, que temiam um agravamento das tensões comerciais globais.
Ainda mais impactante foi a declaração de Trump sobre as tarifas impostas à China. O presidente afirmou que elas “com certeza” serão reduzidas, possivelmente antes da reunião marcada para 10 de maio em Genebra, na Suíça, entre representantes dos dois países. A possibilidade de um abrandamento nas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo injetou confiança nos mercados.
Com um cenário global menos incerto, os investidores reduziram a busca por ativos considerados “porto seguro”, como o ouro, que vinha acumulando recordes. Na quinta-feira, os contratos do metal para junho caíram 2,53%, fechando a US$ 3.306 por onça-troy na New York Mercantile Exchange (Nymex). Por outro lado, ativos de maior risco, como ações, ganharam fôlego.
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street refletiram o otimismo. O S&P 500 subiu 0,60%, o Dow Jones avançou 0,62%, e o Nasdaq, focado em tecnologia, registrou alta de 1,07%.
No Brasil, o Ibovespa foi impulsionado por ganhos em empresas de peso. Petrobras (+1,69%), Itaú (+1,00%) e Santander (+4,13%) fecharam em alta, enquanto a Vale registrou leve queda de 0,30%. O grande destaque, porém, foi o Bradesco, cujas ações preferenciais dispararam 14,04% após a divulgação de um balanço trimestral que superou as expectativas dos analistas na noite de quarta-feira, 7 de maio.
A queda do dólar frente ao real também teve influência doméstica. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 14,75% ao ano. Segundo Emerson Vieira Junior, da Convexa Investimentos, essa alta tornou o Brasil mais atraente para operações de carry trade. Essa estratégia consiste em tomar empréstimos em países com juros baixos e investir em mercados com taxas mais altas, como o Brasil.
“A diferença de juros entre o Brasil e outros países fortaleceu o real, mesmo com o dólar se valorizando frente a outras moedas fortes”, explica Vieira Junior.
Embora o dia tenha sido de euforia, analistas alertam que o alívio pode ser temporário. A reunião entre EUA e China, no sábado, será crucial para definir se as tarifas realmente serão reduzidas ou se novas tensões surgirão. Além disso, o mercado segue atento às decisões do Banco Central brasileiro e aos desdobramentos da política monetária global.
Por enquanto, o Brasil celebra um momento de glória nos mercados, com o Ibovespa em patamares históricos e o dólar em queda. Resta saber se essa festa terá fôlego para continuar.