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A cidade da Matola, na província de Maputo, foi palco de uma onda de violência que chocou o país e gerou uma reação contundente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido de oposição em Moçambique. Em comunicado recente, a Renamo condenou veementemente os baleamentos em série que resultaram na morte de agentes policiais e civis, incluindo uma idosa ferida, exigindo justiça e responsabilização imediata dos autores desses crimes. A situação, que reflete um aumento alarmante da criminalidade, levanta questões sobre a segurança pública e a imagem de Moçambique no cenário internacional.
Na última quarta-feira, 2 de julho de 2025, dois agentes policiais, um inspetor principal da Polícia da República de Moçambique (PRM) e um agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), foram brutalmente assassinados na Matola com 54 tiros. Além disso, uma idosa foi ferida por bala no mesmo incidente, marcando o segundo caso do gênero em menos de um mês na região. Há três semanas, outro agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi morto com cerca de 50 tiros no bairro Nkobe, também na Matola, por indivíduos ainda não identificados.
O porta-voz da Renamo, Marciel Macome, expressou indignação diante dos acontecimentos, destacando que esses atos de violência não apenas ceifam vidas, mas também prejudicam a reputação do país. “Independente do crime que tenham cometido, trata-se de vidas humanas, de pais de família, de pessoas com dependentes diretos e que têm direito à vida, um direito salvaguardado pelos Direitos Humanos”, afirmou Macome. Ele reforçou que esses episódios colocam Moçambique em destaque “pelos piores motivos” e apelou às instituições para que tomem medidas concretas para reverter o cenário de insegurança.
O líder da Renamo, Ossufo Momade, também se pronunciou, classificando o homicídio dos agentes policiais como um “ato de violência covarde” que representa uma afronta ao Estado de Direito. Ele pediu uma investigação “rigorosa” para que os responsáveis sejam punidos e destacou a necessidade de valorizar e proteger os agentes de segurança pública, que arriscam suas vidas diariamente no combate à criminalidade. “Não podemos permitir que a impunidade prevaleça diante de atos tão graves. Exigimos justiça para os agentes tombados a serviço da pátria”, declarou Momade em sua conta oficial no Facebook
Os baleamentos ocorrem em um momento de tensão política em Moçambique, marcado por disputas eleitorais e protestos contra supostas fraudes em processos eleitorais recentes. A Renamo, que historicamente reivindica maior transparência e justiça nos pleitos, tem acusado as forças policiais de parcialidade em favor do partido no poder, a Frelimo. Essa percepção de alinhamento da polícia com o governo tem gerado atritos, especialmente após episódios de violência durante manifestações pós-eleitorais, como as registradas em outubro e novembro de 2024, quando a Renamo condenou o uso desproporcional de força contra manifestantes.
No entanto, o atual caso dos baleamentos na Matola parece transcender as tensões eleitorais, apontando para um problema mais profundo de segurança pública. A Renamo enfatizou que a violência indiscriminada, seja contra civis ou agentes de segurança, é inaceitável e exige uma resposta coordenada das autoridades. A onda de crimes, segundo o partido, reflete uma falha sistêmica que precisa ser abordada com urgência para evitar a escalada da violência.
Os incidentes na Matola não apenas chocam pela brutalidade, mas também geram um impacto significativo na percepção de segurança em Moçambique. A cidade, conhecida por ser um importante polo industrial do país, enfrenta agora o desafio de lidar com a crescente sensação de insegurança entre os moradores. O assassinato de agentes policiais, em particular, levanta preocupações sobre a capacidade das forças de segurança de protegerem a si mesmas e à população.
Além disso, como destacou Macome, esses episódios mancham a imagem de Moçambique no exterior. Em um momento em que o país busca atrair investimentos e fortalecer sua posição no cenário regional, a violência pode afastar parceiros econômicos e turísticos, comprometendo o desenvolvimento. A Renamo, ao condenar os baleamentos, também apela por uma reflexão sobre a necessidade de reforçar as instituições de segurança e justiça para restaurar a confiança da população.
A Renamo não se limitou a condenar os crimes. O partido exigiu que as autoridades judiciais e policiais conduzam investigações minuciosas e transparentes para identificar e punir os responsáveis. Ossufo Momade reforçou que a impunidade não pode ser tolerada e que a valorização dos agentes de segurança é essencial para fortalecer o combate à criminalidade. “Este triste episódio não pode ficar impune como outros casos. Ele deve servir para repensarmos a forma de ser e estar dos nossos agentes de segurança pública”, afirmou o líder.
A Polícia da República de Moçambique (PRM), por sua vez, confirmou os homicídios e informou que está investigando os casos, mas até o momento não identificou os autores dos ataques. O porta-voz da PRM, Cláudio Ngulele, reiterou o compromisso da corporação em esclarecer os fatos, mas a falta de respostas concretas até agora alimenta a desconfiança da população e da oposição.
Os baleamentos em série na Matola são um lembrete sombrio dos desafios que Moçambique enfrenta em sua busca por estabilidade e segurança. A Renamo, ao posicionar-se como uma voz crítica e defensora dos direitos humanos, busca pressionar as autoridades a agirem com rapidez e transparência. No entanto, a resolução desses crimes exige mais do que condenações públicas: é necessário um esforço conjunto entre governo, oposição, forças de segurança e sociedade civil para enfrentar as raízes da violência e restaurar a confiança nas instituições.
Enquanto a Matola chora suas perdas, o apelo da Renamo por justiça ecoa como um chamado à ação para todos os moçambicanos. Resta saber se as autoridades responderão com a urgência e a seriedade que o momento exige, ou se a impunidade continuará a ser um obstáculo para a paz e o progresso do país.