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Em um apelo contundente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a exigir sanções mais rigorosas contra a Rússia, em resposta ao que autoridades de Kiev classificaram como o maior ataque de drones desde o início do conflito, em fevereiro de 2022. O bombardeio, ocorrido na madrugada de 9 de julho de 2025, envolveu 728 drones e 13 mísseis, totalizando 741 alvos aéreos, um recorde em um único dia. A ofensiva, que teve como principal alvo a cidade de Lutsk, no noroeste da Ucrânia, também atingiu regiões como Kiev, Dnipro, Zhytomyr, Mykolaiv, entre outras, deixando ao menos oito mortos. Zelensky destacou que o ataque é “revelador” e reforça a necessidade de medidas punitivas contra o petróleo russo, que, segundo ele, “alimenta a máquina de guerra de Moscou há mais de três anos”. Mas quais são os impactos dessas sanções e por que elas são tão centrais no discurso do líder ucraniano?
A Rússia intensificou seus ataques aéreos contra a Ucrânia nas últimas semanas, com o bombardeio de 9 de julho superando o recorde anterior de 550 drones e mísseis lançados em 4 de julho. Segundo a Força Aérea Ucraniana, 718 drones e sete mísseis foram interceptados, demonstrando a eficácia dos sistemas de defesa do país, mas também o peso da ofensiva russa. Zelensky, em postagem na rede social X, classificou o ataque como uma demonstração da relutância russa em buscar a paz, especialmente em um momento em que esforços internacionais para um cessar-fogo estão em curso. “Esse é um ataque revelador — ocorre justamente quando tantos esforços têm sido feitos para alcançar a paz, e apenas a Rússia continua rejeitando todos eles”, afirmou.
O presidente ucraniano argumenta que sanções severas, especialmente contra o setor petrolífero russo, são essenciais para enfraquecer a capacidade de Moscou de financiar a guerra. Ele também defendeu sanções secundárias contra países e empresas que compram petróleo russo, acusando-os de “patrocinar assassinatos” ao sustentar a economia de guerra do Kremlin.
Desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, a União Europeia (UE), os Estados Unidos e outros aliados impuseram sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia, visando setores como energia, finanças e tecnologia. Até outubro de 2024, a UE proibiu a exportação de mais de 48 bilhões de euros em mercadorias para a Rússia e a importação de mais de 91,2 bilhões de euros, com foco em produtos que não prejudiquem diretamente a população civil, como alimentos e medicamentos.
O 17º pacote de sanções da UE, aprovado em maio de 2025, teve como alvo o setor petrolífero, a produção de armas e a chamada “frota fantasma” russa — navios que transportam petróleo acima do preço máximo de 60 dólares por barril, estabelecido pelo G7. Esse pacote incluiu 17 indivíduos, 58 entidades e 189 embarcações, além de medidas contra ameaças híbridas, como ciberataques e desinformação. A alta representante da UE para Política Externa, Kaja Kallas, afirmou que as sanções têm impacto significativo: “Os relatórios dos serviços secretos mostram que as perdas na economia russa são graves, e o efeito será ainda maior nos próximos meses”.
Apesar disso, o presidente russo, Vladimir Putin, e aliados como o ministro da Defesa, Andrei Belousov, afirmam que a Rússia tem se adaptado às sanções. Belousov destacou que 427 mil militares assinaram contratos em 2025, e as despesas militares atingiram 6,3% do PIB russo, sugerindo que o país mantém sua capacidade de financiar a guerra. Donald Trump, presidente dos EUA, reconheceu que Putin “conseguiu lidar com as sanções severas”, mas expressou frustração com a continuidade dos ataques russos.
O petróleo é a espinha dorsal da economia russa e, consequentemente, da sua máquina de guerra. Zelensky tem insistido que sanções mais duras contra o setor energético são cruciais para limitar os recursos de Moscou. Ele propõe o congelamento das finanças russas e a interrupção total das vendas de petróleo, além de medidas contra compradores que burlam as restrições ocidentais. A UE já incluiu empresas como a Paramount Energy, controlada por Niels Troost, em sua lista de sanções por negociar petróleo russo acima do preço estipulado.
No entanto, a Rússia tem contornado essas restrições por meio de sua “frota fantasma” e parcerias com países como a Coreia do Norte e o Irã. Zelensky acusou Moscou de tentar “salvar o programa nuclear iraniano” em troca de apoio militar, reforçando a necessidade de sanções que abranjam não apenas a Rússia, mas também seus aliados. A UE e os EUA condenaram a crescente cooperação militar entre Rússia e Coreia do Norte, prometendo novas medidas para conter essa aliança.
Enquanto Zelensky pressiona por sanções, a Rússia mantém exigências difíceis de conciliar, como a renúncia da Ucrânia à adesão à Otan e a entrega de quatro regiões ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson). O Kremlin também intensificou suas operações, controlando cerca de 20% do território ucraniano e avançando 4.500 quilômetros quadrados em 2025.
Por outro lado, esforços diplomáticos continuam. O presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado por um cessar-fogo, mas sem sucesso imediato. Uma conversa telefônica com Putin em 8 de julho não alcançou progressos, e o líder russo insiste em seus objetivos estratégicos. A UE, sob liderança de António Costa, apoia a proposta de cessar-fogo da Ucrânia, mas enfatiza a necessidade de mais sanções para pressionar Moscou.
Zelensky também propôs uma troca de territórios, oferecendo a região de Kursk, parcialmente controlada pela Ucrânia, em troca de áreas ocupadas pela Rússia, mas sem especificar detalhes. Essa proposta reflete a disposição de Kiev para negociações, mas a falta de confiança mútua e a ausência de Putin em reuniões diretas dificultam avanços.
Zelensky tem usado plataformas internacionais para reforçar seu apelo por sanções e apoio militar. Desde seu discurso no Fórum de Davos em 2022, onde pediu um embargo total ao petróleo russo, até suas recentes declarações na rede social X, o presidente ucraniano mantém uma mensagem clara: a unidade global é essencial para conter a Rússia. “Só com a força dos Estados Unidos, da Europa e de todas as nações que valorizam a vida é que esses ataques poderão ser travados”, disse ele.
A comunidade internacional, no entanto, enfrenta divisões. Enquanto a UE e o Reino Unido avançam com sanções, países como a Hungria resistem a medidas que afetem sua dependência do petróleo russo. Além disso, a influência de Trump, que já expressou ceticismo sobre novas sanções, pode complicar a coordenação ocidental.
O apelo de Zelensky por sanções severas reflete a urgência de enfraquecer a capacidade militar russa em um momento crítico do conflito. Apesar dos avanços na imposição de medidas econômicas, a resiliência russa e a complexidade das negociações de paz mostram que o caminho para um cessar-fogo é árduo. As sanções, embora eficazes em causar perdas à economia russa, ainda não foram suficientes para forçar Moscou a recuar. Para Zelensky, a pressão internacional deve ser intensificada, com foco no petróleo e nas redes financeiras que sustentam a guerra, enquanto a Ucrânia resiste heroicamente em sua luta pela soberania.