Último Adeus a Diogo Jota e André Silva: Gondomar Chora a Perda de Dois Talentos do Futebol Português

Gondomar, 11 de julho de 2025 – Na manhã deste sábado, a cidade de Gondomar, no norte de Portugal, parou para se despedir de Diogo Jota, astro do Liverpool e da seleção portuguesa, e de seu irmão André Silva, jogador do Penafiel, que perderam a vida de forma trágica em um acidente de carro na Espanha, no dia 3 de julho. O funeral, realizado na Igreja Matriz de Gondomar, reuniu centenas de familiares, amigos, colegas de profissão e adeptos, num momento de comoção que ecoou pelo mundo do futebol. A cerimônia, marcada por emoção e respeito, foi um testemunho do impacto que os irmãos deixaram dentro e fora dos relvados.

Uma Despedida Cheia de Emoção

O funeral teve início às 10h, após um velório público na Capela da Ressurreição, em Gondomar, que atraiu milhares de pessoas na sexta-feira, 4 de julho. A missa, conduzida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, foi um momento de reflexão sobre a vida e os valores dos dois irmãos, conhecidos pela humildade, dedicação e paixão pelo desporto. O bispo dirigiu palavras especiais aos três filhos de Diogo Jota – Dinis, Duarte e Mafalda –, destacando a importância da fé e da comunidade em momentos de dor: “Se é difícil ver um adulto chorar, mais difícil é ver uma criança. Estou convosco, mas Jesus também está convosco”.

Centenas de pessoas, incluindo adeptos do Liverpool, do Penafiel e do Gondomar Sport Clube – onde os irmãos começaram suas carreiras –, reuniram-se do lado de fora da igreja, respeitando o pedido da família por privacidade. A multidão aplaudiu em silêncio quando a comitiva do Liverpool, liderada pelo capitão Virgil van Dijk e pelo treinador Arne Slot, chegou carregando coroas de flores vermelhas com os números 20 (de Jota) e 30 (de André). A presença de jogadores como Alexis Mac Allister, Andy Robertson, Federico Chiesa e ex-companheiros como Jordan Henderson e James Milner reforçou o impacto de Jota no clube inglês.

Um Legado no Futebol e na Comunidade

Diogo Jota, de 28 anos, era uma referência no futebol mundial. Natural do Porto, destacou-se no Paços de Ferreira antes de brilhar no Wolverhampton e no Liverpool, onde conquistou a Premier League na temporada 2024-25. Com 49 internacionalizações e 14 golos pela seleção portuguesa, Jota foi peça-chave na conquista de duas Ligas das Nações, incluindo a última, em junho de 2025. André Silva, de 25 anos, seguia os passos do irmão, jogando como avançado no Penafiel, na II Liga portuguesa, e era lembrado como um jovem promissor e querido pela comunidade local.

A tragédia que vitimou os irmãos ocorreu na autoestrada A-52, em Zamora, Espanha, quando o Lamborghini Huracán em que viajavam sofreu um acidente após um pneu estourar durante uma ultrapassagem. O carro saiu da pista, chocou-se contra um rail e incendiou-se, resultando na morte de ambos no local. A Guarda Civil espanhola apontou o excesso de velocidade e o mau estado da estrada como possíveis causas do acidente. Jota, que havia passado por uma cirurgia pulmonar recente, foi aconselhado a evitar voos, o que motivou a viagem terrestre de Portugal para o Reino Unido, onde ele se preparava para retomar os treinos no Liverpool.

Homenagens que Ecoam pelo Mundo

O funeral contou com a presença de figuras proeminentes do futebol português, como Rúben Neves, João Cancelo, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e os selecionadores Roberto Martínez e Fernando Santos. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, também marcaram presença no velório, reforçando o impacto de Jota como símbolo de “dedicação, simplicidade e estímulo à prática desportiva”. A ausência de Cristiano Ronaldo gerou debate nas redes sociais, mas foi justificada pela sua irmã, que pediu respeito à família, explicando que a presença do astro poderia atrair atenção midiática indesejada num momento de luto.

No exterior da Igreja Matriz, cachecóis amarelos e azuis do Gondomar Sport Clube, onde Jota começou a jogar aos 9 anos, misturavam-se com as cores vermelhas do Liverpool. Uma faixa com a mensagem “Para Sempre Um de Nós” foi exibida em homenagem a André Silva, enquanto o Liverpool anunciou que o número 20, usado por Jota, não será mais atribuído a outro jogador. Homenagens também se multiplicaram em Anfield, onde adeptos deixaram flores, cachecóis e mensagens, e em estádios pelo mundo, com jogadores imitando o icónico festejo de Jota, sentado com as pernas cruzadas, em sinal de respeito.

O Luto de uma Família e de uma Nação

Rute Cardoso, viúva de Diogo Jota, que se casou com o jogador apenas 11 dias antes do acidente, foi o rosto da dor durante as cerimónias. Acompanhada por familiares, ela permaneceu entre os caixões do marido e do cunhado, recebendo apoio psicológico e o carinho da comunidade. A família pediu privacidade, mas a presença de milhares de adeptos em Gondomar mostrou a força do legado dos irmãos. Um momento de tensão ocorreu no cemitério, quando a polícia foi chamada devido a fãs que tiravam selfies junto aos túmulos, um incidente que gerou críticas pela falta de respeito.

Um Tributo à Vida e ao Desporto

As palavras de Roberto Martínez resumiram o sentimento coletivo: “Hoje foi uma amostra de que estamos todos juntos e que somos Portugal”. O funeral não foi apenas uma despedida, mas uma celebração da vida de dois jovens que uniram comunidades através do futebol. Em Gondomar, a academia de futebol que leva o nome de Diogo Jota continuará a inspirar novas gerações, enquanto o Liverpool e a seleção portuguesa prometem manter viva a memória de um jogador que, como disse Bernardo Silva, “tornou o número 20 ainda mais especial”.

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Sobre o autor: Maimuna Carvalho
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