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Meta descrição: China revela à União Europeia que prefere evitar a derrota da Rússia na guerra contra a Ucrânia, temendo que os EUA redirecionem seu foco para Pequim. Entenda as implicações dessa posição e o impacto nas relações globais.
Em uma reunião recente em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, deixou claro à chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, que Pequim não deseja ver a Rússia derrotada na guerra contra a Ucrânia. A declaração, que contradiz a postura pública de neutralidade da China, revela preocupações estratégicas de que uma vitória ucraniana poderia permitir que os Estados Unidos concentrem sua atenção geopolítica na rivalidade com a China. Essa posição levanta questões sobre o papel de Pequim no conflito e suas implicações para a segurança global.
No dia 2 de julho de 2025, Wang Yi e Kaja Kallas se reuniram por quatro horas em Bruxelas para discutir uma ampla gama de temas, incluindo cibersegurança, comércio, terras raras, Taiwan e o Oriente Médio. Segundo uma autoridade presente, as conversas foram marcadas por trocas “difíceis, mas respeitosas”. No entanto, o que mais surpreendeu os representantes europeus foi a franqueza de Wang ao afirmar que uma derrota russa na Ucrânia seria prejudicial aos interesses chineses, já que liberaria os EUA para intensificar sua pressão sobre Pequim, especialmente na região do Indo-Pacífico.
Wang Yi, no entanto, negou veementemente que a China esteja fornecendo apoio militar ou financeiro direto à Rússia, argumentando que, se Pequim estivesse realmente envolvido, o conflito já teria sido resolvido. Essa declaração, embora enfática, não dissipou as suspeitas ocidentais sobre o papel da China no apoio indireto a Moscou.
Publicamente, a China mantém uma postura de neutralidade no conflito, defendendo negociações, cessar-fogo e uma solução política. Em uma coletiva de imprensa, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, reiterou que a China “não é parte envolvida na questão da Ucrânia” e que uma crise prolongada não beneficia ninguém. Ela enfatizou o desejo de Pequim por uma resolução rápida, mas as declarações privadas de Wang Yi sugerem que a China pode preferir um conflito prolongado que mantenha os EUA ocupados na Europa, desviando o foco de sua rivalidade com Pequim.
Essa dualidade na postura chinesa reflete a complexidade de sua relação com a Rússia. Desde o anúncio de uma parceria “sem limites” entre Xi Jinping e Vladimir Putin semanas antes da invasão russa em 2022, os laços econômicos e políticos entre Pequim e Moscou se fortaleceram significativamente. A China tornou-se o maior parceiro comercial da Rússia, com um comércio bilateral que atingiu US$ 190 bilhões em 2022, um aumento de 30% em relação ao ano anterior. Além disso, a China compensou parcialmente o déficit das exportações russas de petróleo e gás, que sofreram com as sanções ocidentais.
Embora a China negue fornecer armas letais à Rússia, há crescente preocupação no Ocidente sobre seu papel no fornecimento de bens de dupla utilização — produtos com aplicações civis e militares. Segundo o Carnegie Endowment, Pequim exporta mais de US$ 300 milhões mensais em itens como componentes para drones e tecnologias usadas na fabricação de mísseis. Após um ataque russo a Kiev em julho de 2025, o vice-ministro ucraniano Andrii Sybiha divulgou imagens de fragmentos de um drone Geran 2, supostamente fabricado na China em 20 de junho, intensificando as acusações de envolvimento indireto de Pequim.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também endureceu sua retórica, classificando a China como um “facilitador decisivo” da guerra russa ao fornecer suporte econômico e bens de dupla utilização. Em resposta, Pequim criticou a Otan, acusando-a de “mentalidade de Guerra Fria” e de espalhar “desinformação fabricada”.
A posição da China, conforme expressa por Wang Yi, sugere que Pequim vê o conflito na Ucrânia como parte de um jogo maior de equilíbrio de poder global. Uma derrota russa poderia enfraquecer um aliado estratégico crucial e expor a China a uma pressão mais intensa dos EUA, especialmente em questões como Taiwan e o controle do Indo-Pacífico. Essa perspectiva alinha-se com a visão compartilhada por China e Rússia de oposição à hegemonia ocidental, liderada pelos EUA e pela Otan.
No entanto, a franqueza de Wang Yi surpreendeu alguns membros da comitiva europeia, que esperavam uma abordagem mais diplomática. A UE, que tem condenado veementemente a invasão russa e imposto sanções a Moscou, enfrenta agora um dilema: como lidar com a China, um parceiro comercial vital, que parece apoiar indiretamente a Rússia? A dependência europeia de terras raras chinesas, essenciais para a produção de tudo, de aviões a geladeiras, adiciona uma camada de complexidade às relações.
A China posicionou-se repetidamente como um possível mediador de paz, mas suas propostas, como o plano de 12 pontos apresentado em 2023, foram rejeitadas pela Ucrânia por não exigirem a retirada das tropas russas. Além disso, a ausência de Moscou em cúpulas de paz, como a planejada para junho de 2025 na Suíça, reduz a probabilidade de participação chinesa, reforçando a percepção de alinhamento com a Rússia.
Enquanto a guerra na Ucrânia se intensifica, com ataques russos recordes e a crescente presença de tropas norte-coreanas ao lado das forças de Moscou, a posição da China será cada vez mais escrutinada. A UE e os EUA continuam a pressionar Pequim para que cesse qualquer apoio material à Rússia, mas as tensões comerciais e as sanções a bancos chineses por violações de restrições à Rússia indicam que o confronto pode escalar.
As declarações de Wang Yi à UE revelam que a China não é apenas um observador neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia, mas um ator com interesses estratégicos claros. Ao evitar uma derrota russa, Pequim busca proteger sua posição em um cenário global cada vez mais polarizado. No entanto, essa postura arrisca tensões com a Europa e os EUA, enquanto levanta questões sobre a viabilidade de sua neutralidade declarada. Para os leitores, fica evidente que a guerra na Ucrânia não é apenas um conflito regional, mas um tabuleiro geopolítico onde as grandes potências disputam influência e poder.