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Um novo capítulo de denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), veio à tona, revelando práticas que levantam sérias questões sobre o uso de recursos públicos no Congresso Nacional. Segundo investigações do jornal Folha de S.Paulo e do portal Metrópoles, Motta empregou quatro parentes de uma funcionária fantasma, Gabriela Batista Pagidis, em seu gabinete, em um esquema que movimentou mais de R$ 2,8 milhões em salários ao longo de anos. A notícia, publicada em 16 de julho de 2025, expõe um padrão de nomeações que sugere favorecimento e possível desvio de verbas públicas, reacendendo o debate sobre transparência e fiscalização no Legislativo.
Gabriela Batista Pagidis, fisioterapeuta de 30 anos, foi nomeada como secretária parlamentar no gabinete de Hugo Motta desde 1º de junho de 2017, recebendo um total de R$ 807,5 mil em salários até 2025. Apesar de sua lotação na Câmara, ela atuava em clínicas particulares em Brasília durante o horário de expediente, sem registros de atividades parlamentares. A Folha e o Metrópoles acompanharam sua rotina, confirmando que Gabriela trabalhava às segundas e quartas no Instituto Costa Saúde, às terças e quintas no Centro Clínico Bandeirantes, e até frequentava academia e o Zoológico de Brasília em dias úteis, horários em que deveria estar cumprindo suas funções na Câmara.
Além de Gabriela, quatro de seus familiares foram contratados no gabinete de Motta ao longo dos anos:
Juntos, os cinco membros da família Pagidis receberam mais de R$ 2,8 milhões da Câmara, com salários que variavam significativamente, indicando possíveis promoções e rebaixamentos abruptos, prática incomum que levanta suspeitas de manipulação.
A denúncia não se limita à família Pagidis. Hugo Motta também empregou outras duas funcionárias consideradas fantasmas: Monique Magno, assistente social que acumulava cargo na Prefeitura de João Pessoa, e Louise Lacerda, estudante de medicina em período integral, ambas com rotinas incompatíveis com a jornada de 40 horas semanais exigida pela Câmara. Monique, por exemplo, recebia R$ 1.800 brutos da Câmara, além de R$ 2.000 da prefeitura, onde trabalhava das 8h às 14h, o que violava a proibição de acúmulo de cargos públicos.
Após questionamentos da imprensa, 2 das 3 servidoras, Gabriela e Monique, foram demitidas em 8 de julho de 2025, mas as exonerações ainda não haviam sido oficializadas até o dia 15. Louise Lacerda permanecia no cargo até o fechamento das reportagens. A Câmara não exige ponto biométrico para secretários parlamentares, e a responsabilidade pelo controle de frequência recai sobre os gabinetes, o que facilita a manutenção de funcionários fantasmas.
Embora a contratação de parentes de funcionários não seja ilegal pelas regras da Câmara, desde que não sejam familiares do próprio deputado, o padrão de nomeações sucessivas de membros de uma mesma família, aliado à ausência de comprovação de trabalho efetivo, levanta suspeitas de apadrinhamento político. A Folha revelou que, além dos Pagidis, a mãe de Monique Magno, Márcia Agra de Souza, também foi contratada por Motta entre 2011 e 2015.
O caso de Gabriela Pagidis é emblemático. Formada em fisioterapia pela Universidade de Brasília (UnB) entre 2014 e 2019, ela cursava um curso integral durante o período em que estava lotada no gabinete, o que tornava impossível cumprir suas funções parlamentares. Sua remuneração, somada ao período em que trabalhou para o ex-deputado Wilson Filho, aliado de Motta, ultrapassa R$ 890,5 mil.
Procurado pela imprensa, Hugo Motta limitou-se a afirmar, por meio de sua assessoria, que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota e são dispensados do ponto dentro das regras estabelecidas pela Câmara”. No entanto, o deputado não forneceu registros de ponto ou detalhes sobre as funções das funcionárias, e os familiares citados não responderam aos contatos da Folha e do Metrópoles.
A denúncia gerou forte repercussão nas redes sociais. Postagens no X destacaram a indignação com o caso, com usuários chamando a situação de “escândalo” e questionando a democracia brasileira. “A democracia brasileira é uma delícia”, ironizou um usuário, enquanto outros compartilharam a notícia com críticas ao uso de cargos públicos para favorecimento.
O caso de Hugo Motta reacende o debate sobre a falta de controle na Câmara dos Deputados. A ausência de ponto biométrico e a possibilidade de trabalho remoto sem fiscalização rigorosa criam brechas para a manutenção de “cabides de emprego”. Especialistas apontam que tais práticas podem configurar improbidade administrativa, mas a responsabilização é rara devido à falta de transparência e à influência política de deputados.
O escândalo também destaca a naturalização do desvio de recursos públicos no Congresso. Enquanto Motta silencia sobre as denúncias, a pressão por maior fiscalização e reformas nas regras de contratação de assessores parlamentares ganha força, com a sociedade exigindo mais accountability no uso do dinheiro público.