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Bratislava, 18 de julho de 2025 – Em uma reviravolta significativa, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, anunciou que o país não irá mais bloquear o 18º pacote de sanções da União Europeia contra a Rússia, marcando o fim de uma série de vetos que geraram tensões em Bruxelas. A decisão, comunicada em um vídeo publicado no Facebook na quinta-feira, 17 de julho, vem após intensas negociações com a Comissão Europeia, que ofereceu garantias para mitigar os impactos econômicos de um plano separado para eliminar as importações de gás russo até 2028.
Robert Fico, líder do partido populista de esquerda Smer, tem adotado uma postura controversa em relação às sanções da UE contra a Rússia, especialmente desde que assumiu o cargo em 2023. A Eslováquia, membro da UE e da OTAN, depende significativamente do gás russo, com um contrato com a Gazprom válido até 2034. O país teme que a proposta da Comissão Europeia, conhecida como REPowerEU, que visa encerrar todas as importações de combustíveis fósseis russos até o final de 2027, possa aumentar os preços de energia, comprometer a segurança energética e expor Bratislava a litígios bilionários com a Gazprom.
Nos últimos meses, Fico utilizou o veto da Eslováquia – necessário para a aprovação unânime de sanções na UE – como alavanca para negociar concessões. Ele bloqueou o 18º pacote de sanções em várias ocasiões, exigindo garantias específicas, como suporte financeiro para lidar com possíveis escassezes de gás, aumentos de preços e taxas de trânsito. A proposta da UE de banir as importações de gás russo a partir de 2028 foi considerada por Fico como “imbecil” e potencialmente prejudicial à economia eslovaca, especialmente para consumidores e indústrias.
A mudança de posição de Fico veio após intensas discussões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que enviou uma carta de três páginas ao premiê eslovaco na terça-feira, 15 de julho. O documento detalhava um plano abrangente para enfrentar os desafios energéticos da Eslováquia, incluindo:
Fico, que inicialmente rejeitou as propostas como “insuficientes” após consulta com líderes políticos eslovacos, reconheceu que continuar a bloquear o pacote de sanções seria “contraproducente” e poderia prejudicar os interesses nacionais. “Neste momento, esgotamos todas as opções, e manter nossa posição de veto ameaça nossos interesses,” afirmou ele.
O pacote de sanções, aprovado por embaixadores da UE na manhã de sexta-feira, 18 de julho, visa intensificar a pressão sobre a economia russa em resposta à invasão da Ucrânia. As medidas incluem:
A aprovação do pacote foi saudada pela chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, que lamentou o atraso, mas expressou otimismo sobre o impacto das sanções. “A bola estava na quadra da Eslováquia, e agora precisamos concretizar esse acordo. As sanções são necessárias para privar a Rússia dos meios para continuar esta guerra,” declarou Kallas.
A decisão de Fico gerou reações mistas. Internamente, a Eslováquia enfrenta divisões, com protestos significativos contra a postura pró-Rússia do governo. Em janeiro de 2025, mais de 35 mil pessoas foram às ruas em Bratislava e outras cidades, criticando a visita de Fico a Moscou e sua retórica favorável à Rússia. Manifestantes exibiram bandeiras da UE, Ucrânia e OTAN, expressando vergonha pela direção do governo.
No cenário internacional, a posição de Fico tem sido comparada à do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que também resistiu a sanções e manteve laços com Moscou. A Eslováquia, sob Fico, divergiu de aliados ocidentais ao suspender ajuda militar à Ucrânia e ao propor negociações de paz que incluam concessões territoriais a Moscou, uma ideia rejeitada por Kyiv.
Apesar de ceder às sanções, Fico reiterou sua oposição à proposta de eliminação do gás russo até 2028, sinalizando que continuará a pressionar por uma exceção que permita à Eslováquia cumprir seu contrato com a Gazprom até 2034. Essa postura reflete a delicada posição da Eslováquia como um país dependente de energia russa, mas também sua necessidade de manter uma relação construtiva dentro da UE.
A decisão de Fico de liberar o pacote de sanções marca um momento de pragmatismo após meses de tensões. A Eslováquia conseguiu garantias que protegem, ao menos parcialmente, seus interesses econômicos, mas a resistência de Fico à agenda energética da UE sugere que conflitos futuros não estão descartados. A situação expõe as complexidades de unir os 27 membros da UE em torno de políticas contra a Rússia, especialmente quando interesses nacionais estão em jogo.
Enquanto a UE avança com suas sanções, a Eslováquia permanece em um equilíbrio delicado, buscando proteger sua economia sem se alienar completamente de seus parceiros europeus. Para Fico, a decisão pode ser vista como uma vitória parcial, mas também um lembrete de que a unidade europeia muitas vezes exige concessões difíceis.