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Em um movimento que agitou o cenário político norte-americano, o bilionário Elon Musk anunciou, no último sábado, 5 de julho de 2025, a criação do “Partido da América”, uma nova força política com a promessa de “devolver a liberdade” aos cidadãos dos Estados Unidos. O anúncio, feito através da rede social X, de propriedade do próprio Musk, vem na esteira de desentendimentos públicos com o presidente Donald Trump e de uma crescente insatisfação com o sistema bipartidário que domina a política estadunidense. Mas o que está por trás dessa iniciativa ousada e quais são suas chances de sucesso? Este artigo mergulha nos detalhes dessa novidade que já está dando o que falar.
A decisão de Musk de fundar o “Partido da América” foi catalisada por sua oposição ferrenha a um pacote fiscal aprovado pelo Congresso dos EUA em 3 de julho de 2025, apelidado por Trump de “One Big Beautiful Bill” (A Grande e Bela Lei). A legislação, que prevê cortes de impostos, redução de programas sociais, retirada de incentivos à energia limpa e aumento de gastos militares, deve adicionar US$ 3,3 trilhões à dívida pública do país até 2034, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). Musk, que já foi aliado próximo de Trump, classificou o projeto como uma “abominação” que pode levar os EUA à falência devido a “desperdício e corrupção”.
Na sexta-feira, 4 de julho, Dia da Independência dos EUA, Musk lançou uma enquete na rede social X perguntando aos seus mais de 221 milhões de seguidores: “Devemos criar o Partido da América?”. Com 1,25 milhão de votos, 65,4% dos participantes responderam “sim”. No dia seguinte, ele oficializou a criação do partido, declarando: “Por uma proporção de 2 para 1, vocês querem um novo partido político, e terão! Quando se trata de levar nosso país à falência com desperdício e corrupção, vivemos em um sistema de partido único, não em uma democracia.”
Musk não pretende transformar o “Partido da América” em uma força majoritária de imediato. Em vez disso, sua estratégia é focada e pragmática: conquistar apenas dois ou três assentos no Senado e entre oito e dez distritos na Câmara dos Representantes nas eleições legislativas de 2026. Com margens legislativas frequentemente apertadas no Congresso, ele acredita que esses poucos assentos seriam suficientes para atuar como “voto decisivo” em leis controversas, garantindo que elas reflitam a “verdadeira vontade do povo”.
O bilionário comparou sua tática à vitória de Epaminondas contra Esparta na Batalha de Leuctra, em 371 a.C., quando uma força concentrada em um ponto específico do campo de batalha mudou o curso da história. “Vamos quebrar o sistema unipartidário com uma força extremamente concentrada em um local preciso”, declarou Musk.
Entre as bandeiras sugeridas para o partido, Musk destacou a redução da dívida pública com cortes responsáveis, modernização das Forças Armadas com inteligência artificial e robótica, incentivo à inovação tecnológica, desregulamentação (especialmente no setor de energia), defesa da liberdade de expressão, políticas pró-natalidade e uma postura centrista em outros temas.
A criação do “Partido da América” marca o ápice de uma ruptura pública entre Musk e Trump, que já foram aliados próximos. Musk investiu cerca de US$ 300 milhões na campanha de reeleição de Trump em 2024 e liderou o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), com o objetivo de cortar gastos públicos. No entanto, a relação azedou em maio de 2025, quando Musk renunciou ao cargo, criticando as políticas fiscais de Trump. O presidente retaliou, ameaçando cortar os bilhões de dólares em subsídios que as empresas de Musk, como Tesla e SpaceX, recebem do governo federal, e até sugeriu a possibilidade de deportar o empresário, que nasceu na África do Sul.
Musk intensificou as críticas, chamando o sistema político americano de “unipartidário” e apelidando os republicanos de “Partido Porky Pig” por sua suposta falta de responsabilidade fiscal. Ele também expressou apoio a figuras como o representante Thomas Massie, que votou contra a lei fiscal, sinalizando que o “Partido da América” pode apoiar candidatos alinhados com sua visão, independentemente de filiação partidária.
Embora o anúncio de Musk tenha gerado buzz, transformar o “Partido da América” em uma força política relevante é uma tarefa hercúlea. O sistema político dos EUA é notoriamente hostil a terceiros partidos, devido a barreiras como distritos eleitorais manipulados (gerrymandering), polarização profunda e leis estaduais rigorosas para registro de novos partidos. Além disso, a Lei de Reforma de Campanhas McCain-Feingold de 2002 impõe limites de doações, o que significa que mesmo a fortuna de Musk, estimada em US$ 405 bilhões, não pode sustentar o partido sozinho sem o apoio de milhares de co-doadores.
Historicamente, terceiros partidos, como o Partido da Reforma de Ross Perot nas eleições de 1992 e 1996, conseguiram alguma relevância, mas raramente mantiveram impacto duradouro. Analistas apontam que o “Partido da América” pode ter uma presença disruptiva em 2026, especialmente com o apoio financeiro e midiático de Musk, mas construir uma alternativa nacional sólida exige tempo, estrutura e uma narrativa coerente que vá além das redes sociais.
Outro obstáculo é a própria figura de Musk. Embora sua influência seja inegável, ele tem um histórico de promessas não cumpridas e decisões impulsivas, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de gerir um projeto político de longo prazo. Além disso, como sul-africano, Musk não pode concorrer à presidência dos EUA, o que limita seu papel a financiador e estrategista.
O anúncio do “Partido da América” gerou reações mistas. Para alguns, é uma tentativa legítima de romper o domínio dos partidos Republicano e Democrata, oferecendo uma alternativa para eleitores descontentes com a polarização. Outros, no entanto, veem a iniciativa como uma manobra de Musk para pressionar Trump e os republicanos, ou até como um projeto vaidoso de um bilionário excêntrico. Há quem tema que o partido possa fragmentar o voto conservador, beneficiando indiretamente os democratas em 2028, como ocorreu com o Partido da Reforma de Perot.
No X, a reação foi imediata. Usuários como @eduardomenoni e @EmmaRincon amplificaram o anúncio, enquanto @vinicios_betiol destacou a briga pública entre Musk e Trump como pano de fundo. A postagem de Musk sobre o primeiro congresso do partido, perguntando “quando e onde” ele deveria ocorrer, reforça sua intenção de avançar rapidamente com o projeto.
Por enquanto, o “Partido da América” existe mais como uma ideia do que como uma estrutura formal. Musk ainda não apresentou uma plataforma programática detalhada ou candidatos específicos, e o registro oficial do partido não foi confirmado até a noite de 5 de julho, segundo o The New York Times. No entanto, com sua fortuna, controle da plataforma X e habilidade de mobilizar milhões, Musk é um ator político atípico, capaz de causar impacto mesmo em um sistema tão rígido.
O sucesso do partido dependerá de sua capacidade de atrair eleitores e líderes locais, além de superar as barreiras legais e culturais do bipartidarismo americano. Se Musk conseguir traduzir sua visão em uma força política coesa, o “Partido da América” pode se tornar um divisor de águas. Caso contrário, pode ser apenas mais um capítulo na saga de um dos homens mais influentes e controversos do mundo.