Na noite de 28 de julho de 2025, a Paróquia Santa Mônica, no Leblon, Rio de Janeiro, foi palco de uma cerimônia marcada por emoção e reverência. A missa de sétimo dia em memória de Preta Gil, falecida no dia 20 de julho aos 50 anos, reuniu familiares, amigos e figuras ilustres da cultura brasileira para homenagear a cantora, que deixou um legado de alegria, luta e amor. Gilberto Gil, pai de Preta, foi consolado por nomes como Fernanda Montenegro, Carolina Dieckmann e Malu Mader, enquanto refletia sobre a dor da perda e a força do afeto que sua filha inspirou no Brasil. Este artigo explora os momentos marcantes da cerimônia, o impacto de Preta Gil e o legado que ela deixa.

Uma Despedida Cheia de Afeto

A Paróquia Santa Mônica, um local significativo para a família Gil — onde também foi realizada a missa de sétimo dia de Pedro Gil, filho de Gilberto falecido em 1990 —, ficou pequena para acolher o carinho de amigos, familiares e fãs. Gilberto Gil, aos 83 anos, esteve acompanhado de sua esposa, Flora Gil, seu neto, Francisco Gil (filho único de Preta), e outros familiares, como José Gil e Flor Gil. A presença de celebridades como Fernanda Montenegro, Carolina Dieckmann, Malu Mader, Cissa Guimarães, Marcelo Serrado, Maria Ribeiro e Gloria Perez reforçou o impacto de Preta na cultura e na sociedade brasileira.

Durante a cerimônia, Gilberto Gil compartilhou palavras comoventes sobre o processo de luto e o legado de sua filha. “Todos sabem, no país inteiro, que a Preta passou por um longo período de adaptação à partida. A ficha para nós todos e para ela, especialmente, foi caindo aos poucos. Foram dois anos”, disse, referindo-se à batalha de Preta contra um câncer colorretal, diagnosticado em janeiro de 2023. Ele destacou a dor do sofrimento prolongado da filha, mas também a força de seu legado: “A lembrança dela vai ficar permanentemente conosco. A partida dela contribui para sermos mais amorosos e afetivos”.

O Legado de Preta Gil: Uma Vida de Coragem e Inspiração

Preta Gil, filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, nasceu em 8 de agosto de 1974 e construiu uma carreira multifacetada como cantora, compositora, apresentadora e empresária. Sua trajetória foi marcada pela ousadia e pelo ativismo. Como mulher preta, bissexual e fora dos padrões estéticos convencionais, Preta enfrentou preconceitos desde a infância, usando sua visibilidade para combater o racismo, a gordofobia e a homofobia. Suas músicas, como “Sinais de Fogo”, e sua presença vibrante nos palcos conquistaram uma legião de fãs, enquanto suas ações sociais, como o apoio às Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador, deixaram um impacto duradouro.

Preta enfrentou o câncer com transparência, compartilhando sua jornada de tratamento no Brasil e em Nova York, onde buscava terapias experimentais. Após uma breve recuperação em 2023, a doença retornou, culminando em sua partida em 20 de julho de 2025. Sua coragem e autenticidade inspiraram milhares, como destacou a ex-BBB Alane Dias, namorada de Francisco Gil: “O Brasil admira e ama a Preta. Ela é e sempre será um símbolo de potência, especialmente para nós, mulheres”.

Momentos de Emoção na Cerimônia

A missa, conduzida com serenidade, foi pontuada por momentos de profunda comoção. Carolina Dieckmann, que acompanhou Preta em seus últimos dias em Nova York, emocionou-se ao falar da amiga: “O que tem me segurado é ter ido ficar com ela”. Cissa Guimarães, presente na cerimônia, destacou a coincidência de Preta ter falecido no mesmo dia que seu filho, Rafael Mascarenhas, em 2010: “Os dois fazem aniversário de anjos no mesmo dia. Só consigo agradecer ao Rafa e à Preta pela alegria que eles nos deram”.

Flora Gil, madrasta de Preta, também compartilhou sua dor e esperança: “A Preta serena, a Preta que com certeza está em algum lugar tranquilo. Ela merece todas as homenagens, todo esse afeto, todo esse amor. Preta é amor”. A cerimônia incluiu aplausos em homenagem à artista, e a presença de fãs, que lotaram a igreja, reforçou o impacto de Preta no público.

Homenagens em Salvador e no Rio

Além da missa no Rio, Preta foi homenageada em Salvador no dia 26 de julho, no Santuário Santa Dulce dos Pobres, onde era devota e embaixadora. A cerimônia, transmitida ao vivo pelo YouTube, emocionou cerca de 1.500 internautas, com músicas de Gilberto Gil, como “A Paz” e “Drão”, tocadas em tributo. O padre Lázaro Muniz, que conheceu Preta em 2023, dedicou preces à família e aos amigos, destacando o impacto de sua generosidade: “Através desse amor pelas Obras Sociais de Santa Dulce, Preta deu continuidade ao legado de solidariedade”.

Um Adeus que Inspira Amor

O velório de Preta, realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 25 de julho, foi marcado por uma grande demonstração de carinho. Fãs cantaram suas músicas, e o cortejo até o Cemitério da Penitência, no Caju, foi acompanhado por um carro do Corpo de Bombeiros. A presença de nomes como Ivete Sangalo, Luciano Huck e Janja Lula da Silva no velório reforçou a dimensão nacional de sua perda.

Gilberto Gil, em suas palavras, resumiu o impacto de Preta: “A memória dela tem uma circulação muito grande, muito permanente. É um consolo, contraponto a essas dificuldades de afirmação do afeto pelos quais o mundo passa”. A partida de Preta Gil, embora dolorosa, deixa um convite à reflexão sobre a importância do amor, da diversidade e da resiliência. Sua luz, como disseram os presentes, continuará brilhando.