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Em conferência de imprensa, autoridades de Quissanga, em Cabo Delgado, desmentem informações sobre o retorno forçado de professores a zonas de risco e anunciam medidas para normalizar a segurança no distrito.
O Governo do Distrito de Quissanga, na província de Cabo Delgado, Moçambique, veio a público desmentir categoricamente rumores que circulavam sobre a suposta obrigação de professores retornarem a áreas consideradas de alto risco devido a ataques terroristas. Em uma conferência de imprensa realizada na última terça-feira, 8 de julho de 2025, o administrador distrital, Sidónio José, esclareceu que tais informações não têm fundamento e acusou setores da sociedade de propagarem desinformação, gerando pânico desnecessário entre a população e a classe docente.
Quissanga, localizada a aproximadamente 100 quilômetros da cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, é um dos distritos mais afetados pela violência armada perpetrada por grupos extremistas islâmicos desde outubro de 2017. A província enfrenta uma crise humanitária grave, com ataques que já resultaram em pelo menos 349 mortes apenas em 2024, um aumento de 36% em relação ao ano anterior, segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
A recente onda de ataques, com destaque para a ocupação da sede distrital de Quissanga por duas semanas em março de 2024, deixou um rastro de destruição. Infraestruturas do Estado, incluindo unidades sanitárias, escolas e arquivos administrativos, foram completamente destruídas, forçando o governo local a operar temporariamente a partir de Pemba.
Os rumores sobre a exposição de professores a zonas inseguras surgiram em meio a relatos de que o governo estaria pressionando docentes a regressarem às suas áreas de origem, mesmo com a persistência de ameaças terroristas. Sidónio José foi enfático ao negar essas alegações, afirmando que o governo não está forçando o retorno de professores a locais de risco. Pelo contrário, ele destacou esforços para incentivar o regresso voluntário, com base na melhoria das condições de segurança.
O administrador acusou a classe docente de, em alguns casos, contribuir para a disseminação de informações falsas, o que teria amplificado o clima de desconfiança. “Além de desmentir o suposto regresso forçado dos professores às zonas consideradas inseguras, o Governo do Distrito de Quissanga acusa a classe de propagar ondas de desinformação,” afirmou José, segundo o jornal O País.
Para demonstrar avanços na segurança e incentivar o retorno gradual da população e dos funcionários públicos, o governo anunciou que, em breve, deixará de operar exclusivamente a partir de Pemba, planejando restabelecer algumas funções administrativas em Quissanga. “Os esforços estão a ser desenvolvidos na perspectiva de voltarmos a breve trecho, mesmo que seja com base em tendas,” declarou Sidónio Lindo, administrador de Quissanga, durante a IV sessão do Observatório de Desenvolvimento de Cabo Delgado.
Apesar dos desafios, as autoridades afirmam que a situação está sob controle em grande parte do distrito. Apenas duas aldeias, Namaluco e outra próxima, permanecem completamente abandonadas devido à sua proximidade com o distrito de Macomia, uma das bases de operação dos terroristas.
A violência em Quissanga tem causado prejuízos significativos ao sistema educacional. Todas as unidades escolares do distrito estão fechadas desde março de 2024, agravando a crise de acesso à educação em uma região onde a infraestrutura já era precária. A destruição de escolas e o deslocamento de professores e alunos para áreas mais seguras, como Pemba e o distrito de Metuge, dificultam a retomada das atividades letivas.
A crise humanitária em Cabo Delgado também se intensifica. Em fevereiro de 2024, a Organização Internacional das Migrações (OIM) estimou que os ataques na província provocaram 99.313 deslocados, sendo 61.492 crianças, o que representa 62% do total. A falta de assistência alimentar e a destruição de casas e bens essenciais têm forçado muitos deslocados a retornar a áreas ainda vulneráveis, enfrentando condições precárias.
O governo moçambicano, em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança (FDS), tem intensificado operações para expulsar os grupos terroristas de Quissanga e de outras áreas afetadas, como a ilha Quirimba. Em março de 2024, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, anunciou que a sede distrital de Quissanga e Quirimba estavam livres dos terroristas, com mercados locais reabastecidos.
No entanto, a reconstrução do distrito enfrenta obstáculos significativos. A ausência de infraestruturas funcionais, como confirmou Sidónio Lindo, exige investimentos urgentes. O apoio internacional, como os 100 milhões de dólares prometidos pelos Estados Unidos para assistência aos deslocados, pode desempenhar um papel crucial na recuperação da região.
O desmentido do governo de Quissanga reforça a importância de combater a desinformação em tempos de crise. A propagação de rumores pode minar a confiança da população nas autoridades e dificultar os esforços de estabilização. As autoridades apelam à colaboração da sociedade, incluindo professores e líderes comunitários, para disseminar informações verificadas e apoiar a reconstrução do distrito.
Enquanto Quissanga luta para superar os impactos do terrorismo, a esperança reside na retomada gradual da normalidade, com a educação como pilar central para o futuro da região. O compromisso do governo em restaurar a segurança e as infraestruturas é um passo essencial, mas a recuperação total exigirá tempo, recursos e união de esforços.
Meta descrição: Governo de Quissanga desmente rumores sobre professores em zonas de risco e anuncia medidas para normalizar segurança em Cabo Delgado. Saiba mais sobre a crise e os esforços de reconstrução.