Pobres Caminham para o Fundo do Precipício e Ricos Ficam Mais Ricos

Moçambique está a viver uma realidade que mais parece um filme repetido: os ricos ficam cada vez mais ricos, enquanto os pobres parecem estar a descer uma escada rolante que só vai para baixo. O Inquérito Demográfico e de Saúde 2022-23 veio confirmar essa tendência, revelando que a desigualdade entre ricos e pobres continua a aumentar, especialmente nas zonas rurais.

O relatório usou o famoso coeficiente de Gini para medir a desigualdade. Para quem não está familiarizado, o índice de Gini varia de 0 a 1: zero significa total igualdade (todos recebem a mesma coisa) e um significa total desigualdade (uma pessoa recebe tudo, e o resto nada). Em Moçambique, a desigualdade de rendimentos está em 0,40. Parece pequeno, mas é um grande problema. Nas cidades, a desigualdade é menor (0,23), mas nas zonas rurais, atinge os 0,45.

E as más notícias não param por aí. O relatório também revela que a taxa de mulheres empregadas, entre 15 e 49 anos, caiu drasticamente de 72% para 30% entre 2003 e 2022-23. Em contraste, os homens viram a sua taxa de emprego subir de 61% para 81%.

Esses dados, recolhidos entre 27 de Julho de 2022 e 27 de Fevereiro de 2023, pintam um quadro sombrio para as áreas rurais de Moçambique. A Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2024-2043 já tinha dado o alerta, mas agora a realidade está mais clara do que nunca.

Afinal, parece que a escada rolante dos pobres está em perfeito estado de funcionamento — só que está indo na direção errada. É hora de mudar o rumo e encontrar soluções que beneficiem todos os moçambicanos, e não apenas aqueles que já estão no topo.