Na última quinta-feira, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, trazendo uma surpresa histórica: a Renamo, que sempre ocupou o posto de maior partido da oposição desde o início do multipartidarismo, perdeu esse título para um partido extraparlamentar, o PODEMOS. Com apenas cinco anos de existência, o PODEMOS entra na arena política com 31 deputados, ultrapassando os 20 assentos que a Renamo garantiu nesta eleição.
A queda da Renamo de 60 para 20 cadeiras representa um marco na política nacional. A “Perdiz”, símbolo da Renamo, já não domina a oposição e vê nomes de peso como António Muchanga, Elias Dhlakama, e outros veteranos fora do parlamento, sinalizando uma renovação inesperada. Por outro lado, o PODEMOS, Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique, conquistou cadeiras em várias províncias, incluindo Nampula, a maior base eleitoral do país, onde terá 10 representantes.
Entre os estreantes do PODEMOS na Assembleia da República, destacam-se figuras como Carlos Tembe, que representará a cidade de Maputo, e Nalfa Fumo, de Inhambane. Na Zambézia, segundo maior círculo eleitoral, os eleitos foram Cacildo Muicocome, Fernando Jone e Almério Tchambule, enquanto Nampula será palco para o estreante Armando Joaquim e outros nove deputados.
Enquanto isso, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) também sofreu uma redução significativa em sua bancada, passando de seis para quatro deputados, um resultado que Dom Carlos Matsinhe classificou como o pior desde a estreia do partido em 2009. Entre os eleitos do MDM estão Leonor Souza, Secretária-Geral, e Fernando Bismarque, porta-voz da bancada, ambos por Nampula.
Do lado governamental, a Frelimo aproveitou as fragilidades dos adversários e consolidou sua maioria, garantindo 195 dos 250 assentos parlamentares, um acréscimo de 11 cadeiras. Com uma bancada fortalecida, o partido poderá contar com importantes figuras do governo, como Ana Comoane, atual ministra da Administração Estatal, e Celso Correia, ministro da Agricultura. Nomes de influência, como o jurista Elísio de Sousa e o economista Elcídio Bachita, também integram a lista da Frelimo, prometendo continuidade no controle da agenda nacional.
No entanto, as “contas finais” ainda aguardam validação. Partidos de oposição alegam que o processo eleitoral foi marcado por irregularidades e já apresentaram queixas e provas de fraude. Cabe ao Conselho Constitucional analisar estas reclamações e tomar uma decisão final, mantendo o país em suspenso. Até lá, os moçambicanos aguardam ansiosos pelo desfecho e pela possibilidade de mudanças neste cenário político que promete ser ainda mais acirrado.
Palavras-chave: Moçambique, eleições 2024, PODEMOS, Renamo, Frelimo, MDM, Assembleia da República
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