PRM Afirma: Criminosos Armados Mortos em Confronto na Matola

Na noite da última quarta-feira, 2 de julho de 2025, o município da Matola, na província de Maputo, foi palco de um violento confronto que resultou na morte de dois indivíduos identificados pela Polícia da República de Moçambique (PRM) como “malfeitores armados”. O incidente, ocorrido nas proximidades do Hospital Geral da Machava, no bairro de Infulene, também deixou uma idosa de 78 anos ferida e levantou questões sobre a segurança pública na região. Este episódio, que chocou a comunidade local, expõe os desafios enfrentados pelas autoridades no combate à criminalidade armada em Moçambique.

O Confronto na Matola: O Que Aconteceu?

De acordo com o porta-voz da PRM em Maputo, Cláudio Ngulele, os dois indivíduos mortos eram agentes de segurança: António Domingos, Inspetor Principal da PRM, e Abílio Janeiro, operativo do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), ambos lotados na 7ª Esquadra da Cidade de Maputo. Apesar de serem membros das forças de segurança, a PRM classificou os agentes como “malfeitores armados”, sugerindo que estariam envolvidos em atividades ilícitas. A polícia relatou que os suspeitos, a bordo de uma viatura Toyota Auris, foram alvos de um grupo de criminosos que se deslocavam em dois veículos, incluindo um Toyota Ractis.

Durante o confronto, uma idosa que passava pelo local foi atingida por uma bala no braço esquerdo e foi internada no Hospital Provincial da Matola, onde recebe tratamento. A PRM não divulgou detalhes sobre a motivação do ataque ou a identidade dos agressores, que permanecem foragidos. A ausência de informações claras sobre os autores do crime gerou especulações e desconfiança entre os moradores da região.

Um Padrão de Violência na Matola

Este não é o primeiro caso de violência armada a chocar a Matola. Em 11 de junho de 2025, menos de um mês antes, um Superintendente Principal da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi assassinado com mais de 50 tiros em Nkobe, também no município da Matola. O agente, que ocupava o cargo de Chefe de Reconhecimento, foi morto dentro de sua viatura Mahindra, e até o momento os responsáveis pelo crime não foram identificados. A demora da PRM em confirmar que a vítima era um membro da corporação na ocasião alimentou críticas sobre a transparência das autoridades.

A recorrência de episódios violentos na região levanta questionamentos sobre a eficácia das estratégias de segurança pública. Um estabelecimento próximo ao local do confronto de quarta-feira possui câmeras de segurança que, segundo amigos e familiares das vítimas, poderiam ajudar a identificar os criminosos, que não usavam capuzes. No entanto, há relatos de que a polícia teria pressionado os funcionários do local a não divulgar as imagens, o que gerou indignação entre os moradores. “Eles têm as imagens aqui. Vão recuar. Estamos aqui para ver”, afirmou um grupo de pessoas próximas às vítimas, conforme relatado pelo portal MZNews.

O Contexto da Criminalidade em Moçambique

O incidente na Matola reflete um cenário mais amplo de desafios no combate à criminalidade em Moçambique. A violência armada, muitas vezes associada a grupos criminosos organizados, tem crescido em várias regiões do país, especialmente em áreas urbanas como Maputo e Matola. A presença de agentes de segurança entre as vítimas, classificados como “malfeitores” pela própria PRM, sugere possíveis casos de corrupção ou envolvimento de membros das forças de segurança em atividades ilícitas, o que complica ainda mais o panorama.

A sociedade civil e analistas têm cobrado medidas mais eficazes para conter a escalada da violência. A falta de identificação dos responsáveis pelos ataques, somada à relutância em divulgar imagens de câmeras de segurança, alimenta a percepção de que as autoridades enfrentam dificuldades para rastrear e punir os criminosos. Além disso, a ausência de informações sobre os motivos dos assassinatos impede uma compreensão clara do que está por trás desses atos.

A Reação da Comunidade e o Caminho Adiante

A morte de dois agentes de segurança e o ferimento de uma idosa inocente reacenderam o debate sobre a segurança pública na Matola. Moradores exigem maior transparência por parte da PRM, incluindo o acesso às imagens de segurança que poderiam esclarecer o caso. A desconfiança em relação às autoridades também reflete a frustração com a persistência da violência armada na região.

Para a PRM, o desafio é duplo: combater a criminalidade e recuperar a confiança da população. Medidas como a intensificação de patrulhas, o uso de tecnologia para monitoramento e a colaboração com a comunidade podem ser passos importantes para enfrentar o problema. Além disso, investigações transparentes e a punição exemplar dos responsáveis por esses crimes são essenciais para restaurar a sensação de segurança.

Conclusão: Um Chamado à Ação

O confronto na Matola é um lembrete sombrio dos desafios que Moçambique enfrenta no combate à violência armada. A morte de dois agentes, mesmo que classificados como “malfeitores”, e o ferimento de uma idosa inocente destacam a urgência de ações coordenadas para proteger a população e desmantelar redes criminosas. Enquanto os moradores clamam por justiça e transparência, as autoridades têm a oportunidade de transformar esse trágico episódio em um marco para mudanças estruturais na segurança pública.

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Sobre o autor: Maimuna Carvalho
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