Quem foi Hurrem Sultan, a mulher mais poderosa do Império Otomano

No século 16, o Império Otomano era uma potência que dominava continentes, do sudeste da Europa ao norte da África. Nesse cenário de grandeur, uma mulher desafiou as tradições e ascendeu ao poder de maneira inédita: Hurrem Sultan, também conhecida como Roxelana. De origem humilde, possivelmente capturada na região da atual Ucrânia, ela não apenas conquistou o coração de Solimão, o Magnífico, mas também redefiniu o papel das mulheres na corte otomana.

Hurrem Sultan é considerada a precursora do “sultanato das mulheres”, um período em que as mulheres da realeza exerceram influência política sem precedentes. Sua trajetória, marcada por inteligência, carisma e determinação, continua a intrigar historiadores e a inspirar narrativas ao redor do mundo.


Quem Foi Hurrem Sultan?

Origens Misteriosas

A história de Hurrem é tão fascinante quanto enigmática. A maioria dos historiadores acredita que ela nasceu no início dos anos 1500, na Rutênia, uma região que hoje abrange partes da Ucrânia, Polônia e Belarus. Capturada por invasores tártaros em Rohatyn, então parte do reino polonês, Hurrem foi escravizada e levada ao Império Otomano na adolescência. Lá, entrou para o harém de Solimão por volta de 1520, como sugere o nascimento de seu primeiro filho, o príncipe Mehmed, em 1521.

Seu nome de nascimento permanece um mistério. Fontes ucranianas a chamam de Aleksandra ou Anastasia Lisovska, enquanto na Europa Ocidental ela era conhecida como Roxelana, uma referência à sua possível origem rutena. Nos registros otomanos, ela é Haseki Hurrem Sultan — “Hurrem” significa “alegre” em persa, e “haseki” era um título reservado à mãe de um herdeiro do sultão.

Curiosamente, uma teoria alternativa sugere que Hurrem poderia ser Margherita Marsigli, uma nobre italiana raptada por piratas, conforme um manuscrito encontrado nos arquivos do Vaticano. Embora controversa, essa hipótese adiciona ainda mais camadas ao enigma de sua identidade.

De Concubina a Rainha

O que torna Hurrem Sultan excepcional é sua ascensão meteórica. Em um império onde concubinas raramente ultrapassavam o status de serviçais, ela rompeu séculos de tradição ao se tornar a esposa legal de Solimão. Esse casamento, um ato sem precedentes, chocou a corte e consolidou sua posição como uma das figuras mais poderosas do Império Otomano.

Hurrem não se limitou ao papel de esposa. Ela se envolveu ativamente na política, influenciando decisões do governo e garantindo que seus filhos fossem considerados para a sucessão. Sua astúcia, no entanto, também gerou inimizades. Críticos a apelidaram de “bruxa russa”, especialmente após a execução do príncipe Mustafa, filho de Solimão com outra mulher, que muitos acreditavam ter sido orquestrada por Hurrem para favorecer seus próprios herdeiros.


O Legado de Hurrem Sultan

Filantropia e Impacto Cultural

Além de seu papel político, Hurrem deixou um legado duradouro por meio de suas obras filantrópicas. Ela financiou a construção de mesquitas, refeitórios comunitários e fundações de caridade em Istambul e Jerusalém, demonstrando uma visão humanitária que transcendia os muros do palácio.

Um Símbolo Nacional na Ucrânia

Na Ucrânia moderna, Hurrem Sultan é celebrada como uma figura nacional. Estátuas em sua homenagem adornam Rohatyn, sua suposta cidade natal, e uma mesquita em Mariupol leva seu nome. Em 2019, a Embaixada da Ucrânia em Ancara solicitou a remoção de uma referência à sua “origem russa” no túmulo de Hurrem, em Istambul, destacando sua ascendência ucraniana. Esse episódio reflete como sua história continua a ressoar na geopolítica contemporânea.


Por Que Hurrem Sultan Ainda Fascina?

Quatro séculos após sua morte, em 15 de abril de 1558, Hurrem Sultan permanece uma figura cativante. Sua habilidade de navegar em um mundo dominado por homens, transformar tradições e deixar um impacto duradouro é um testemunho de sua inteligência e resiliência. Seja vista como uma cativa rutena, uma possível nobre italiana ou uma estrategista política brilhante, Hurrem é um lembrete de que o poder, quando exercido com visão, pode mudar a história.

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Sobre o autor: Suleimane Wague
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