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Washington, 30 de julho de 2025 – O senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, anunciou que pretende apresentar uma resolução para contestar a ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida, que gerou polêmica internacional, é vista como uma tentativa de Trump de pressionar o Brasil em favor de seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado no Brasil. A ação de Kaine reflete uma crescente resistência nos Estados Unidos contra o que parlamentares democratas chamam de “abuso de poder” por parte do presidente americano.
A decisão de Trump, anunciada em 9 de julho por meio de uma carta ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, foi justificada com alegações de um suposto “desequilíbrio comercial” e críticas ao sistema judiciário brasileiro, que conduz processos contra Bolsonaro. No entanto, dados oficiais apontam que os EUA mantêm um superávit comercial com o Brasil desde 2007, com US$ 7,4 bilhões em 2024, o que enfraquece a narrativa de Trump.
Kaine, um dos 11 senadores democratas que assinaram uma carta criticando a medida, afirmou que a taxação é uma tentativa de interferir no sistema judiciário independente do Brasil. “Assim que a Casa Branca enviar a justificativa legal ao Congresso, se for uma declaração de emergência, vou contestá-la imediatamente como não sendo realmente uma emergência”, declarou o senador em Washington. A resolução, que segue o modelo de uma ação similar contra tarifas impostas ao Canadá, só pode ser apresentada após a formalização da ordem executiva de Trump, ainda não enviada ao Senado.
A tarifa de 50% ameaça setores cruciais da economia brasileira, como suco de laranja, aço, carne, café, petróleo e aviação, com empresas como a Embraer projetando perdas significativas. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) alertou que a sobretaxa tornará o setor “insustentável”, prevendo interrupções na colheita e paralisação do comércio. A Embraer, que depende dos EUA para 60% de sua receita na América do Norte, também enfrenta riscos de redução de demanda e margens de lucro.
No Brasil, a resposta tem sido marcada por indignação e esforços diplomáticos. Uma comitiva de senadores brasileiros, liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), está em Washington para negociar com parlamentares americanos e buscar apoio contra as tarifas. O presidente Lula afirmou que, caso não haja acordo, o Brasil retaliará com base na Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, que permite impor tarifas equivalentes a produtos americanos. Lula também planeja buscar uma avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a legalidade da medida.
A imposição das tarifas é vista por analistas como uma jogada política de Trump, que busca apoiar Bolsonaro e pressionar o Brasil em questões como a regulação de big techs. Marcelo Fernandes de Oliveira, especialista em relações internacionais da Unesp, argumenta que Trump usa o Brasil como “bode expiatório” para enviar um recado global sobre como as grandes empresas de tecnologia devem ser tratadas. A menção explícita aos processos contra Bolsonaro, que enfrenta acusações de tentativa de golpe e está sob monitoramento com tornozeleira eletrônica, intensifica a percepção de interferência em assuntos internos brasileiros.
A resistência nos EUA não se limita a Kaine. Outros democratas, como o senador Ron Wyden, do Oregon, acusaram Trump de “sacrificar a economia para acertar contas pessoais”. Ações judiciais também estão em curso: a Johanna Foods, importadora de suco de laranja, moveu um processo no Tribunal de Comércio Internacional dos EUA, alegando que a tarifa viola a Constituição americana e a Lei de Comércio de 1974, ao exceder os poderes do Executivo. O tribunal já considerou, em casos anteriores, que Trump ultrapassou sua autoridade ao usar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para impor tarifas sem aprovação do Congresso.
No Brasil, a medida gerou reações polarizadas. Parlamentares governistas, como o senador Humberto Costa (PT-PE), acusam bolsonaristas de “traição” por supostamente incentivarem as tarifas. Já a oposição, liderada por figuras como Rogério Marinho (PL-RN), atribui a crise à política externa de Lula, citando a ausência de um embaixador americano no Brasil e a aproximação com países como o Irã.
Internacionalmente, a China sinalizou interesse em absorver parte das exportações brasileiras afetadas, mas analistas alertam que o mercado chinês, focado em commodities, não substitui a demanda americana por produtos de maior valor agregado, como aviões e tecnologia. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também criticou as tarifas, advertindo contra uma “guerra comercial dentro do Ocidente”.
A resolução de Kaine, se apresentada, pode enfrentar obstáculos no Senado, especialmente devido à maioria republicana. No entanto, o apoio de alguns republicanos, preocupados com os impactos econômicos nos EUA, como o aumento de preços ao consumidor, pode fortalecer a iniciativa. Enquanto isso, o Brasil busca alternativas, como redirecionar exportações para outros mercados, mas a dependência de setores como o agronegócio e a aviação dos EUA limita as opções.
A disputa coloca em xeque não apenas as relações comerciais entre Brasil e EUA, mas também a soberania brasileira e a influência de Trump no cenário global. Com a data de 1º de agosto se aproximando, o mundo observa se a diplomacia ou a retaliação prevalecerá.
Meta descrição: O senador Tim Kaine planeja contestar as tarifas de 50% impostas por Trump ao Brasil, acusando-o de abuso de poder. Entenda os impactos econômicos e políticos da medida e as respostas do Brasil.