No último sábado, 3 de maio de 2025, a Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, seria palco de um show memorável da cantora Lady Gaga. Mas, nos bastidores, uma trama sombria foi desmantelada pela Polícia Civil do Rio, em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A Operação Fake Monster frustrou um atentado a bomba planejado por um grupo extremista, que buscava notoriedade nas redes sociais através de um “desafio coletivo” envolvendo explosivos improvisados e coquetéis molotov. Com um líder preso, um adolescente apreendido e mandados cumpridos em quatro estados, a operação expôs uma rede criminosa que usava plataformas digitais para radicalizar jovens e promover violência.
As investigações, iniciadas pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil, revelaram um grupo que operava em plataformas como Discord e Telegram, aliciando adolescentes para práticas violentas. O plano principal era atacar o show de Lady Gaga com explosivos e coquetéis molotov, tratando o ato como um “desafio” para ganhar reconhecimento online. A rede promovia crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos, usando essas práticas como forma de integração entre jovens.
Um homem, apontado como líder do grupo, foi preso em flagrante no Rio Grande do Sul por porte ilegal de arma de fogo. No Rio de Janeiro, um adolescente foi apreendido por envolvimento no esquema e por armazenamento de pornografia infantil. Em Macaé (RJ), outro suspeito, que ameaçava matar uma criança ao vivo, foi alvo de um mandado de busca e responderá por terrorismo e indução ao crime.
A Operação Fake Monster mobilizou policiais em quatro estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso — cumprindo 15 mandados de busca e apreensão. Cidades como Niterói, Duque de Caxias, Cotia, São Vicente, São Sebastião do Caí e Campo Novo do Parecis foram alvos da ação. Dispositivos eletrônicos, como celulares e notebooks, foram confiscados para análise, com o objetivo de identificar outros membros da rede.
A operação foi conduzida com “discrição e precisão”, segundo a Polícia Civil, para evitar pânico entre os frequentadores do show. O Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça produziu um relatório técnico que fundamentou a ação, destacando o uso de linguagens cifradas e simbologias extremistas pelo grupo.
O caso expõe a crescente ameaça da radicalização de jovens no ambiente virtual. Plataformas criptografadas, como Discord e Telegram, são usadas para manipular adolescentes, oferecendo “desafios” que vão desde automutilação até atos terroristas. A Polícia Civil destacou que os investigados, muitos deles com estrutura familiar e sem dificuldades financeiras, eram aliciados por meio de recompensas internas e manipulação psicológica.
Felipe Curi, secretário de Polícia Civil do Rio, reforçou a importância da supervisão parental: “Fiquem de olho no que seus filhos estão fazendo na internet, porque o perigo entra na sua casa sem que você perceba.” O diretor do Ciberlab, Alesandro Barreto, afirmou que “a internet não é uma terra sem lei”, prometendo continuar as investigações para desmantelar essas redes.
A Operação Fake Monster não só evitou uma tragédia em Copacabana, mas também lançou luz sobre a necessidade de regulamentação das redes sociais. Especialistas, como a juíza Vanessa Cavalieri, defendem a moderação ativa de conteúdos criminosos e a proibição de acesso de menores a plataformas sem verificação etária. Iniciativas como o protocolo Eu Te Vejo, no Rio, buscam apoiar vítimas de crimes digitais, mas políticas nacionais ainda são necessárias.
As investigações seguem em andamento, com a perícia analisando os materiais apreendidos. A Polícia Civil, em parceria com agências internacionais como a HSI e a NCMEC, dos EUA, está determinada a identificar todos os envolvidos e desarticular completamente a rede criminosa.
A Operação Fake Monster é um marco no combate à criminalidade digital no Brasil, mostrando que a vigilância e a cooperação entre forças de segurança podem neutralizar ameaças graves. O caso serve como um alerta para pais, educadores e autoridades sobre os perigos da radicalização online. Enquanto Lady Gaga encantava o público em Copacabana, a Polícia Civil garantia que a noite fosse lembrada pela segurança, não pela tragédia. Fique atento, informe-se e proteja quem você ama do lado sombrio da internet.