O Fim do Império Isabel dos Santos? Investidora Angolana Perde Controle do EuroBic

A empresária Isabel dos Santos deixou de ser a acionista maioritária do banco português EuroBic, após a venda de sua participação ao banco galego Abanca. Esta operação, concluída em 11 de julho, marca o fim de um período conturbado e suscita questões sobre o futuro da empresária angolana e suas implicações para o sistema financeiro português.

Alívio no Mercado Financeiro Português

O mercado financeiro de Lisboa respirou aliviado com a saída de Isabel dos Santos, que detinha 42,5% do EuroBic. Para o analista Rui Verde, a compra pelo Abanca inaugura uma era de estabilidade, livre das preocupações com possíveis branqueamentos de capitais e crimes económicos. “Esse é um aspeto positivo”, afirmou Verde, destacando que a justiça portuguesa e angolana têm acusado dos Santos de várias irregularidades financeiras.

Impacto na Banca Portuguesa

A saída de Isabel dos Santos do EuroBic é vista como um movimento que poderá revitalizar a confiança na banca portuguesa. Segundo Cátia Miriam Costa, investigadora e mestre em Estudos Africanos, a presença da empresária gerava desconfiança sobre os investimentos. “A banca portuguesa ficou liberta para voltar a investir em Angola ou atrair outros investidores angolanos”, explicou Costa.

Questões sobre o Destino dos Fundos

Rui Verde levanta questões importantes sobre o destino dos 300 milhões de euros pagos pelo Abanca. “Foram para os seus associados? Para ela? Ficaram arrestados? Alguma parte desse dinheiro vai ser devolvida a Angola?” Essas perguntas refletem a complexidade das relações entre Angola e Portugal, e o desafio contínuo de combater a corrupção.

Desafios Legais e Futuro Incerto

A situação de Isabel dos Santos é agravada pelo mandado de captura internacional emitido pela Interpol, após o escândalo financeiro “Luanda Leaks”. Refugiada no Dubai, a empresária enfrenta dificuldades legais e a possibilidade de perder mais ativos. A proteção oferecida pelo Dubai à empresária é um ponto de controvérsia, já que o país é membro da Interpol e deveria cumprir o mandado de captura.

Cátia Miriam Costa prevê um futuro difícil para dos Santos. “Com o mandado de captura internacional, ela está a perder ativos, o que põe em causa a movimentação do seu capital”, afirmou. A vigilância sobre a origem dos seus investimentos dificultará qualquer tentativa de reinvestir seu dinheiro, mesmo que parte dele esteja em paraísos fiscais.

A aquisição do EuroBic pelo Abanca não apenas encerra o domínio de Isabel dos Santos sobre o banco, mas também marca um capítulo importante na luta contra a corrupção e a recuperação da confiança no sistema financeiro português. Com a visita iminente do primeiro-ministro português a Angola, espera-se que as relações bilaterais se fortaleçam e que novas medidas sejam tomadas para assegurar a transparência e a justiça económica.

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