
No distrito de Machaze, província de Manica, a busca por água é um desafio que mistura esforço físico, sacrifício diário e risco de vida. Em povoados onde a água potável é uma miragem, a população percorre mais de 15 quilómetros até os rios, enfrentando perigos como ataques de crocodilos e hipopótamos. Esse é o preço da sobrevivência em uma região onde a água é tão escassa quanto ouro.
Em Machaze, uma bicicleta não é apenas um meio de transporte; é uma linha de vida. Homens, mulheres e até crianças dependem dela para buscar água em rios distantes, muitas vezes improvisando tambores e recipientes no trajecto. Joyce Faduco, uma das tantas vozes que ecoam essa realidade, revela sua rotina desgastante: “Todos os dias percorro 15 quilómetros para garantir que minha família tenha água para beber e se lavar.”
A situação não é apenas um problema de acesso; é também uma questão de tempo e energia. Horas que poderiam ser dedicadas à educação ou ao trabalho são consumidas em longas jornadas até o rio mais próximo.
Apesar do cenário desafiador, uma luz começa a brilhar nas regiões de Mavende e Matuca. Recentemente, a governadora de Manica inaugurou dois sistemas de abastecimento de água, cada um com capacidade para armazenar 30 mil litros. Esses sistemas incluem lavandarias e bebedouros para animais, beneficiando tanto os moradores quanto os criadores de gado.
Para os residentes, a chegada desses sistemas é muito mais do que infraestrutura; é a realização de um sonho. “Nunca imaginei que veria água tão perto de casa. É uma bênção para todos nós”, comentou um habitante de Mavende.
Os sistemas de abastecimento de água foram financiados pelo Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones (GREPOC), com um investimento de mais de 20 milhões de meticais. A acção não só alivia a crise hídrica nas regiões atendidas, mas também demonstra a importância de intervenções governamentais em áreas vulneráveis.
Embora a situação em Mavende e Matuca tenha melhorado significativamente, outras localidades em Machaze ainda vivem sob o peso da escassez de água. A população clama por mais acções para garantir que ninguém tenha que escolher entre a sede e o perigo.
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